O conceito “posto de gasolina” surgiu em 1907, com duas bombas instaladas no topo de pedestais, em um galpão de zinco. Com este feito, Henry Ford inaugurou não só o modelo que seria a tendência das próximas décadas, como também as “bandeiras”, que são as marcas das distribuidoras que fornecem o combustível para os postos revendedores. No Brasil, o modelo foi inaugurado em 1915, no entanto, atualmente não é possível a verticalização da produção, distribuição e revenda de combustíveis líquidos. Com a chegada dos veículos elétricos, este cenário se modifica, possibilitando a comercialização de recargas, independente da origem da energia, conforme Resolução 1000 da ANEEL.
Há espaço para o crescimento das “bandeiras brancas”
Diferente do que acontece no setor de combustíveis, na mobilidade elétrica o serviço pode ser verticalizado. Com a desregulamentação do novo mercado, as “bandeiras brancas” podem comprar energia de qualquer fonte ou produzir a própria. Há a oportunidade das bandeiras e postos serem mais independentes, afinal, escavar um poço de petróleo é bem mais complexo que construir um painel solar.
Se tornar um CPO – Charge Point Operator
Na prática, o revendedor instala carregadores no seu posto ou rede e em outros locais estratégicos, como shoppings parceiros, centros comerciais, se tornando o que chamamos de CPO. Com um número razoável de pontos, pode agregar sua rede à de um EMSP (E-Mobility Service Provider). Neste caso, a revenda será responsável por instalar, gerenciar, dar manutenção e realizar parceria com os locais. Receberá a maior parte das receitas e naturalmente ficará com as despesas de instalação e manutenção. O papel da Voltbras neste caso é conectar o eletroposto à nuvem, para que a recarga possa ser cobrada e o ponto gerenciado e integrado a outras redes.
Se tornar um CPO + EMSP
Neste cenário, a revenda desenvolve uma marca forte no mercado da mobilidade e se relaciona diretamente com o cliente final, criando seu aplicativo, para o qual a Voltbras tem soluções customizadas com app para sua bandeira.
Além das responsabilidades de CPO, a revenda fará o atendimento ao cliente, habilitará a rede de carregamento, e fornecerá aos usuários de veículos elétricos acesso à rede de estações de carregamento, atribuições que formam o escopo de atuação do EMSP. Este modelo é interessante quando há oportunidade de expandir suas atividades para além do posto, o que pode funcionar perfeitamente para redes de postos existentes que iniciam o negócio com capilaridade.
As grandes bandeiras continuarão no mercado
Grandes marcas têm vocação para atender o consumidor
As grandes marcas têm a vantagem de possuir facilidades ao atender o cliente final, pelo seu suporte remoto e altos investimentos em marketing, o que torna seus EMSPs marcas fortes. Além disso, sua estratégia permite a presença da imagem na mente do consumidor, o que atrai maior tráfego nos pontos de recarga.
Programas de benefícios
Grandes bandeiras têm bons benefícios para seus clientes, como milhas aéreas, cashback, brindes e descontos, o que pode ser decisivo para o cliente utilizar o aplicativo de uma bandeira específica. Portanto, uma bandeira influente e reconhecida no mercado agregará mais valor do que uma sem esses atrativos.
Compartilhamento e otimização de investimentos
Com planos que atendem seus revendedores, grandes bandeiras podem compartilhar investimentos nos carregadores, comodato de equipamentos ou ainda a venda dos carregadores com valores diferenciados. Modelos de carga rápida podem custar milhões de reais, o que apenas grandes empresas podem arcar.
Qual a melhor opção para meu posto ou rede?
A melhor opção dependerá do perfil do seu posto ou rede e objetivos. Se construir sua própria bandeira de postos é a meta da sua empresa, a mobilidade elétrica tornará isso possível, porém, neste caso você estará pouco amparado diante dos desafios deste novo mercado. Caso o plano seja crescer através de parcerias estratégicas, expertise de terceiros e um planejamento centralizado, fazer parte de uma bandeira consolidada de eletropostos será o caminho mais atrativo, e que poderá alavancar seu negócio caso o parceiro seja um nome forte no mercado.
Neste segundo caso, quando bandeiras são mencionadas, não são apenas as de combustível a que estamos nos referindo, mas também de novos entrantes de grande porte na mobilidade elétrica, como empresas do setor elétrico com bagagem vasta, inclusive internacional.